domingo, 13 de dezembro de 2009

Porta-retratos.

Ela só queria saber no que ele pensou quando foi embora, quando mordeu o lábio, tomou ar e simplesmente sustou sua frase.

Sentada na cadeira, cotovelos apoiados na mesa e mãos segurando o queixo distraidamente. Levantou-se e se viu debruçada na janela olhando o vento varrer a rua. Franziu o cenho ao pensar na viagem, agora que ninguém podia vê-la talvez deixasse vazar alguma água salgada (ou seria doce?) dos olhos.

Vestiu o casaco sobre o vestido rodado de menina-moça e saiu para a rua.
O vento frio correndo por entre suas pernas lhe deu um ar de Marilyn, só que meio triste e de olhos injetados. Abraçou o próprio corpo e saiu andando em direção à casa daquele velho amigo, ainda moraria lá?

Sentou no meio-fio duas ruas antes do seu destino para que sua alma se aquietasse e pudesse respirar de modo ritmado novamente. Não poderia parar na porta dele e parecer frágil até ter capacidade de tocar a campainha, afinal, alguém poderia aparecer.
"isso... que acontece com a gente acontece sempre com qualquer casal. Isso... ataca de repente, não respeita cor, credo ou classe social..."
Parou o pensamento no meio, levantou bruscamente. Olhou para os lado e recomeçou a caminhada calculando as palavras que diria quando olhasse naqueles olhos calorosos. Com certeza ficaria feliz em vê-la, mas precisava ser cuidadosa, ele a conhecia bem e poderia ler qualquer sombra em sua expressão, não colocaria agora tudo a perder.

6 comentários:

Yaas disse...

"ele a conhecia bem e poderia ler qualquer sombra em sua expressão, não colocaria agora tudo a perder." isso me lembrou muito a um amigo meu, só que ao invez de isso me dar medo, me da segurança, pois nunca falo o que sinto, e mesmo assim, ele entende. (:
amei!
beeijos

Iasminne Fortes disse...

o medo muitas vezes nos faz andar em círculos e não leva o nossos dedos para tocar a campanhia... ah! o velho receio de 'alguém' perceber a nossa fragilidade no momento. Sabe,Camis, às vezes é bom que alguém especial perceba e nos ofereça aquele colo gostoso, aquela confiança, o ombro pra chorar ou apenas aquela mão pra apertar.
Mais uma vez, amei o texto! =*

Anônimo disse...

=*

Fernanda disse...

que lindo e tenho certeza que ela não colocou=)ainda tenho a esperança de que eles foram felizes,sem medos.

Camilla Mendes disse...

Na verdade eu vim aqui comentar o textinho do "Se", logo ai no layout. Faltou uma parte pra definir:


"Se eu fosse qualquer coisa, ainda assim seria eu, Camila, menina-moça-arco-íris de Meu Deus."

Porque eu não consigo te definir como nada a menos do que aquela conchinha que a gente acha no mar quando criança e guarda, feito tesouro para o resto da vida. Saudades.

Iasminne Fortes disse...

Camis, feliz 2010 pra vc, querida. E que venham mais e mais textos lindos em seu blog que tanto gosto =)